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“As pessoas gastam muita energia a tentar manter a sua depressão em grande segredo”


O Demónio da Depressão cover

O Demónio da Depressão, by Andrew Solomon. Translated by Francisco Paiva Boléo and Constança Paiva Boléo. Lisbon: Quetzal Editores, 2016. Read an excerpt

por Pedro Rios

É descrito como um “atlas” ou um “grande tratado” sobre a depressão. O escritor e ensaísta norte-americano Andrew Solomon luta há anos contra a depressão crónica. Saído de um episódio depressivo dramático, lançou-se numa investigação sobre a depressão, da medicina à filosofia, da psicologia à arte. Dela nasceu o livro O Demónio da Depressão (2001), um fenómeno de vendas agora editado em Portugal pela Quetzal.

O Demónio da Depressão já foi editado em vários países, agora em Portugal. Como vê o livro e a depressão hoje, 15 anos depois do lançamento da edição original?

No ano passado, escrevi um epílogo ao livro que o actualiza. Descreve todos os desenvolvimentos neste campo nos últimos 15 anos. O livro está muito actualizado. Estou muito contente pelo facto de ser editado aqui [em Portugal]. Os factos básicos – o que é a depressão, quais são os seus sinais – não mudaram muito. Nada mudou muito desde que foi descrita por Hipócrates há 2.500 anos. A qualidade de tratamento melhorou um pouco, mas não graças ao desenvolvimento de medicação miraculosa – o que mudou, principalmente, foi a consciência desta condição, a importância de a tratar e a noção de quantas pessoas afecta. Parece-me, por isso, que o livro se tornou mais urgente com a passagem do tempo.

O que descobri nas cartas que recebo desde que o livro foi editado – e recebo dezenas de milhares de cartas todos os anos – é que há um número enorme de pessoas que estão em depressão e não têm um vocabulário para a descrever. Quando estava no ponto mais agudo da depressão também não tinha um vocabulário porque parte de estar deprimido é estar paralisado e silencioso. Com o tempo, encontrei um vocabulário para falar sobre isto. E como estive sempre a gerir a minha depressão mas relativamente bem durante algum tempo, decidi ultrapassar a minha ideia inicial de que era impossível, de que não havia palavras para narrar isto.

(To read the full interview, please visit SAPO 24.