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“Vivemos subnotificação catastrófica de depressão na pandemia”


O Demônio do Meio-Dia: Uma Anatomia da Depressa?o. São Paulo: Companhia das Letras, 2013.

O Demônio do Meio-Dia: Uma Anatomia da Depressao. São Paulo: Companhia das Letras, 2013.

Existe alguma “dieta de saúde mental” que as pessoas podem seguir, ações que nos protegem de alguma forma da possibilidade de depressão e ansiedade neste momento de pandemia?

Depressão é uma doença muito comum e tratável. Para as pessoas que estejam se sentindo muito pressionadas, sugiro que procurem ajuda profissional, não tenham medo de tomar remédios e fazer terapia. Não é um sinal de fraqueza, é um sinal de coragem.

Em geral, ajuda muito estabelecer rotinas, ter um número adequado de horas de sono, nem muito, nem pouco; não comer demais, não beber demais. Se a pessoa conseguir fazer tudo isso, ótimo.

Acho que o principal problema em relação a essa epidemia é a solidão terrível que ela gerou. Quando você está muito solitário e isolado, a ideia de procurar outras pessoas parece uma coisa enorme e pouco atrativa. Mas é uma medida de saúde muito importante falar com seus amigos, sua família, ou pessoas com as quais você tem conexão. Pode ser pelo Zoom ou outra plataforma online, telefone ou WhatsApp. Use qualquer tecnologia que estiver disponível e fique em contato com outras pessoas.

A depressão, mesmo em circunstâncias normais, é uma doença da solidão. Então se você conseguir sair um pouco dessa solidão, tem mais chances de ficar bem. Alguns dizem é muito trabalho ligar para as pessoas. Pensam: “Talvez não queiram falar comigo”. Meu conselho é: liguem, fiquem em contato.

 

Is there a “mental health diet” that people can follow, actions that protect us in some way from the possibility of depression and anxiety in this pandemic moment?

Depression is a very common and treatable disease. For people who are feeling a lot of pressure, I suggest they seek professional help, don’t be afraid to take medicine and do therapy. It is not a sign of weakness; it is a sign of courage.

In general, it helps to establish routines, to have an adequate number of hours of sleep, neither too much nor too little; don’t eat too much, don’t drink too much. If a person can do all of that, great.

I think the main problem in relation to this epidemic is the terrible loneliness it has generated. When you are very lonely and isolated, the idea of looking for other people seems like a huge, unattractive thing. But it is a very important health measure to talk to your friends, your family, or the people you have a connection with. It can be through Zoom or another online platform, phone or WhatsApp. Use whatever technology is available and stay in touch with other people.

Depression, even under normal circumstances, is a disease of loneliness. So if you can get out of that loneliness a little bit, you are more likely to be okay. Some say it is too much work to call people. They think: “Maybe they don’t want to talk to me”. My advice is: call, stay in touch.

(To read the full interview, please visit Folha de Sao Paulo.)