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‘A depressão está sempre ali de alguma forma’, diz Andrew Solomon


O Demônio do Meio-Dia: Uma Anatomia da Depressao. São Paulo: Companhia das Letras, 2013.

O Demônio do Meio-Dia: Uma Anatomia da Depressao. São Paulo: Companhia das Letras, 2013. Read an excerpt

Quando o livro O demônio do meio-dia surgiu, em 2001, houve quem o considerasse um tratado sobre depressão. Venceu o National Book Award e foi finalista do prêmio Pullitzer, além de um dos 100 melhores da década segundo o diário inglês The Times. Agora a Companhia das Letras o relança com a presença do autor, o americano Andrew Solomon, na Flip.

Como o senhor revê seu livro hoje? O Andrew Solomon atual ainda se reconhece ali?

Sim. Eu ainda tenho depressão, ainda tomo remédios e faço tratamento. Há muito tempo não tenho uma daquelas crises catastróficas em que não conseguia me mexer. Definitivamente é uma parte do que eu sou, e ter escrito um livro sobre o tema não foi só para ajudar as pessoas, mas para me lembrar de como foi sério, para que nunca pudesse me esquecer de que não seria quem eu sou hoje se não tivesse passado por aquilo.

O senhor diz que o livro o transformou em um depressivo profissional. Isso é não é um pouco perigoso?

Pode ser um pouco cansativo. Eu escrevo no mínimo três cartas por dia para pessoas que visitam meu site e contam suas experiências com a doença. Virei uma espécie de confidente, e, de uma certa forma, é maravilhoso. Ás vezes recebo as cartas e vejo que consigo ajudar as pessoas, é ótimo, especialmente aquelas que não estão recebendo tratamento adequado. Mas, quando estou deprimido, é um fardo ouvir os relatos de desespero dessas pessoas sobre a doença.

No epílogo da nova edição, escreveu sobre seus filhos, dizendo que são “antidepressivos”. Ser pai lhe tirou o direito de morrer?

Sim, certamente. Eu sempre pensei que, se fosse para ter filhos, eu deveria estar presente, ser responsável e não estaria autorizado a morrer ou a me fechar no meu universo particular. Se tivesse outra depressão aguda como a que tive em 1994, acho que estaria perdido, não posso submeter crianças pequenas a um pai que não consiga lidar com as coisas. Quando isso acontece, não há o que fazer, e ter tido filhos não evita a minha depressão, mas me motiva a lidar com ela da melhor maneira possível.

(To read the rest of the interview, please visit O Globo.)